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Criacionismo

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O criacionismo é uma cosmovisão multidisciplinar defendida por muitos cientistas onde ocorre uma reinterpretação de fatos biológicos, genéticos, geológicos, arqueológicos, fisico-quimicos e paleontológicos, que concorrem como perspectiva alternativa convencional estabelecida desde a visão lamarkista de Darwin (acrescida das idéias de seleção natural de Wallace) em associação com o uniformitarianismo de Lyell, em quem Darwin se apoiou para relacionar as bio-modificações ocorrendo gradualmente durante os milhões de anos geológicos. O criacionismo defende que a historia bíblica da criação de Adão e Eva, ocorridos a 6 mil anos atrás, e defende sua literalidade usando como argumento por exemplo, a impossibilidade de populações ancestrais, que a estatística genealógica aponta como muito reduzidas a poucos milhares de anos, não terem se extinguido caso tivessem DNA com número de defeitos e mutações que temos hoje.


Apesar do criacionismo representar o esforço de uma cultura milenar judaico-cristã de demonstrar sua validade sob a metodologia cientifica, ele é considerado por muitos cientistas como uma simples crença religiosa[1] de que a humanidade, a vida, a Terra e o universo são a criação de um agente sobrenatural. No século XIX, os geólogos e outros cientistas britânicos[2] argumentaram que o mundo era bem mais velho que os cálculos do século XVII, baseado em escrituras de menos de seis milênios.[3][4] Nos Estados Unidos, onde a "cultura ... é dedicada a uma visão profundamente científica, mas continua firmemente enraizada em suas tradições profundamente religiosas ",[5] as aparentes discrepâncias entre a ciência e a religião foram aproveitadas e ampliadas em uma "guerra cultural"[6][7] sobre se a ciência ou a religião pode fornecer a história da criação mais autenticamente estadunidense.[6] Por volta da década de 1920, o criacionismo bíblico havia se tornado "a alternativa ao padrão"[8] às explicações científicas da biosfera.

Desde o final do século XIX o criacionismo, nos Estados Unidos foi estabelecido em nítido contraste com as teorias científicas, como a da evolução,[9][10] que decorrem a partir de observações naturalistas do Universo e da vida. Criacionistas estritos[11] acreditam que a evolução não pode explicar adequadamente a história, a diversidade e a complexidade da vida na Terra.[12] Criacionistas rigorosos das religiões judaica e cristã geralmente baseiam a sua crença em uma leitura literal do mito da criação do Gênesis.[11][13] Outras religiões têm diferentes mitos da criação,[14][15][16] enquanto que os diferentes membros de religiões individuais variam em sua aceitação das descobertas científicas. Em contraste com os criacionistas estritos, os criacionistas evolucionários sustentam que, embora as contas de evolução para a natureza da evolução da biosfera, por si só é cosmologicamente atribuível a uma divindade criadora.[17]

Quando a corrente principal da pesquisa científica produz conclusões teóricas que contradizem a interpretação criacionista estrita da escritura, os criacionistas muitas vezes rejeitam as conclusões da pesquisa[18] ou as suas teorias científicas[19] ou sua metodologia.[20] A rejeição do conhecimento científico tem suscitado controvérsias políticas e teológicas.[21] Dois ramos derivadas do criacionismo—"ciência da criação" e "design inteligente"—têm sido caracterizados como pseudociência pela comunidade científica dominante.[22] A mais notável preocupação contesta a evolução dos organismos vivos, a idéia da origem comum, a história geológica da Terra, a formação do sistema solar e a origem do universo.[23][24][25][26]

Índice

[esconder]

[editar] Uso do termo

Dentro do termo criacionismo, um vasto espectro de hipóteses podem ser enquadradas, que podem vir a sustentar interpretação em diversos graus de literalidade de livros sagrados como o Gênesis ou o Corão.

Na maioria das civilizações antigas, tanto como nas atuais, é possível encontrar relatos tentando explicar a origem de tudo como um ato intencional criativo, muitas vezes destacando uma figura como o originador da vida.

Dentre os argumentos dos criacionistas está a existência da Teoria do Design Inteligente (DI, ou ID, de intelligent design), que embora não conteste um processo gradual de evolução, aponta uma causa inteligente para as características naturais dos seres vivos[27]. Os criacionistas também têm questionado a evolução usando a "análise crítica da evolução", ao realizar perguntas sobre assuntos aos quais a ciência ainda não obteve respostas.

[editar] Diversidade de conceitos

O criacionismo, como idéia geral, se caracteriza por teorias sobre fenômenos relacionados à origem do Universo, da vida e das espécies de seres vivos.

Todo criacionismo se baseia em uma crença religiosa de que o universo e os seres vivos foram criados por Deus. Contudo, algumas linhas do pensamento criacionista ambicionam oferecer um tipo de argumentação que não se restringe somente a esta convicção religiosa. Assim, buscam fundamentar a afirmação da origem divina do universo e dos seres vivos em argumentos não somente religiosos, mas também científicos e filosóficos. Tais argumentos, em alguns casos refutam completamente evolucionismo biológico, e em outros casos aceitam parcialmente, com ressalvas, o evolucionismo biológico.

[editar] Criacionismo da Terra Jovem

Criação da Luz, por Gustavo Doré

Dentro do grupo de criacionistas cristãos, há os que apoiam a tese da criação da Terra considerando como literais os seis dias do Gênesis bíblico. Tais cristãos denominam-se criacionistas da Terra Jovem ou literalistas bíblicos.

[editar] Criacionismo de Terra Antiga

Outros aceitam a idade da Terra, ou até mesmo do Universo, defendida pelos evolucionistas, mas mantendo ainda posições conflitantes com a biologia destes. São apelidados criacionistas da Terra Antiga ou, muitas vezes, da Terra Velha. Já o evolucionismo criacionista, já citado, defende a tese de que a Bíblia ou outros livros considerados sagrados dão margem a uma mistura da evolução, origem da vida e criação, dizendo que Deus deu origem à vida, mas permitiu que esta evoluísse.

A Bíblia faz menção de seis dias criativos e um sétimo dia não terminado. Os criacionistas que apoiam a tese da Terra Antiga, tentam realizar uma interpretação abstrata da palavra "dias", dizendo que dias podem significar milhares ou até mesmo bilhões de anos, tentando tornar compatível a tese da criação com a datação apresentada pelos que crêem na evolução, embora a Geologia apresente várias provas de que a datação dos criacionistas está incorreta.

Os criacionistas trabalham basicamente com teorias para refutar os argumentos dos evolucionistas, sem evidências concretas. A maior dificuldade dos criacionistas é serem levados a sério, devido à tentativa de fundirem ciência com religião. Enquanto a ciência consiste em realizar experimentos, testes, observações e outros métodos que permitam a comprovação de fatos, até determinar um resultado concreto, a religião é baseada unicamente em crenças pessoais, sem bases.

[editar] Ramificação

Entre as diversas correntes criacionistas da Terra Antiga, há duas principais:

  • Neocriacionismo - também chamado de Design inteligente, corrente surgida por volta de 1920 nos EUA, defende a tese de que houve influência de uma entidade inteligente na criação dos seres vivos. Grupos religiosos dessa corrente têm lutado para incluir esse ensino nas escolas, em pé de igualdade com o ensino da evolução. Os evolucionistas a consideram apenas o criacionismo clássico travestido de pseudociência para poder ser ensinado nas escolas. Assim foi considerada em decisão judicial, pelo juiz John Jones, que proibiu seu ensino em escolas públicas.[28]
  • Criacionismo Clássico - quanto à difusão do criacionismo clássico, segundo uma pesquisa do Instituto Gallup veiculada pela Folha de São Paulo,[29] noventa por cento dos norte-americanos acreditam em um Deus criador, sendo que quarenta e cinco por cento acham que a criação ocorreu exatamente como o livro do Gênesis descreve. A pesquisa mostra que, entre os membros da Academia Nacional de Ciências estadunidense, dez por cento expressam crença num deus, o que não significa necessariamente que sejam criacionistas. A maioria deles são evolucionistas teístas, como Francis Collins, que deixa claro seu repúdio tanto ao criacionismo quanto ao design inteligente em seu livro The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief (publicado em julho de 2006). Várias religiosos possuem diferentes visões do criacionismo, como o cristão, muçulmano, hindu etc.

[editar] Criacionismo dito científico

Dentre os criacionistas de terra antiga e clássicos figuram-se aqueles que denominam-se defensores de um criacionismo científico, que se fundamenta em supostas evidências de que houve planejamento no surgimento das espécies (no que se associa ao chamado Design Inteligente, do planeta e de todo o universo ,em suma, argumentos teleológicos). Essa posição pretendente a científica aponta para a existência de um ser criador sem identificá-lo; enquanto o criacionismo religioso afirma quem é o criador. Mas invariavelmente, os defendores deste tipo de criacionismo tenderão a associar suas afirmações com a narrativa bíblica. Segundo o Dr. Adauto Lourenço, físico brasileiro de orientação criacionista biblicista, afirmar que houve criação seria uma questão científica, afirmar quem é o criador é religiosa.

O problema deste tipo de afirmação é que contraria na atual definição de ciência (pela Filosofia da Ciência) o que seja o princípio de demarcação: a ciência não pode fazer afirmações com base em um suposto agente sobrenatural, que esteja além das evidências. Logo, pode-se afirmar que exista a ação de uma entidade sobenatural, mas não se pode afirmar que esta afirmação seja científica.

[editar] Argumentos neocriacionistas

Apesar da predominância de correntes evolucionistas nos meios acadêmicos, alguns cientistas tornaram-se notados por defenderem o criacionismo clássico, que envolve a crença num criador. Os argumentos de pessoas pertencentes a comunidade científica em favor do criacionismo apontam para a organização e exatidão das leis naturais. Essa visão dá uma imagem que parece com aquela proposta por Isaac Newton, ao comparar o mundo a um mecanismo que evidencia um projeto inteligente e sobrenatural.

As novas tendências científicas têm, contudo, levado a uma diferente visão do Universo, menos determinista e mecanicista. É comum dar como exemplo a distância propícia entre o Sol e a Terra, que permite temperaturas amenas, as quais possibilitam a continuidade da vida. É interessante verificar que esse mesmo argumento é utilizado pelos evolucionistas para referir o caráter excepcional da posição da Terra, não para uma suposta "continuidade" (palavra que implica a ideia de um projeto ou um plano para a Criação) da vida, mas para a sua emergência e evolução. É importante notar que, apesar de alguns poucos cientistas defenderem o criacionismo, isso não significa que existem argumentos científicos a favor do criacionismo nem contra as evidências e provas que o combatem.

Indivíduos teístas que aceitam as hipóteses científicas podem ver nas características e regularidades da Natureza (como a regularidade verificada nos elementos químicos na tabela periódica ou o fato de os acontecimentos físicos obedecerem a leis que podem ser expressas em equações matemáticas "exatas") base para se pressupor uma ordem, citada e interpretada como prova da existência de um legislador que legisla e faz cumprir essas leis. Por essas mesmas leis, o Universo teria vindo a existir por determinação divina e teria se desenrolado sua história da mesma forma, sendo parte dela a origem e a evolução da vida na Terra. Criacionistas, no entanto, não acreditam que o Universo e suas partes tenham sido criados segundo essas leis, mas que tudo foi criado do nada (ou ex nihilo, termo em latim mais sofisticado) e só então essas leis passaram a vigorar.

Os argumentos neocriacionistas são associados aos argumentos teleológicos, como o argumento do relojoeiro de Paley.

Como um exemplo de argumentação deste tipo, é sempre citado o exemplo marcante de cientistas que construíram um determinado misticismo sofisticado sobre o que seja a natureza. Dentre os cientistas que fizeram afirmações neste sentido estão Albert Einstein, que por visão determinista da natureza chegou a expressar-se com a famosa frase: "Deus não joga dados com o universo", quando discutia o caráter aleatório da Mecânica Quântica, do qual discordava.

Outras de suas afirmações incluem: - creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia;- não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam idéias que datam de 1880; (no que por si, já argumenta contra um criacionismo biblicista); - aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria. (no que defende que apenas as modificações do natural produzem os fenômenos naturais, e logo, não o criacionismo por atos e fatos miraculosos, intervenientes contra as leis naturais).

[editar] Os argumentos criacionistas

Existem argumentos criacionistas contra a Paleontologia, Geologia e Sistemática. Esses argumentos não levam em conta a metodologia utilizada por essas disciplinas, que são os métodos estatísticos e computacionais[30] da Cladística, como a máxima parcimônia[31] e o bootstraping,[32] utilizados pelos sistematas. Também não existem argumentos consistentes contra os métodos de datação radiométrica[33] de fósseis e rochas utilizados pelos geólogos e paleontólogos.

Criacionistas questionam também experiências relacionadas à demonstração da seleção natural, como aquela relativa às mariposas cujas cores foram influenciadas pelas mudanças advindas da Revolução Industrial. Nesse caso, especificamente, apontam falhas na metodologia como confirmação de que não existiria seleção natural.

[editar] Classificação dos argumentos criacionistas

Criacionistas costumam focar os seus argumentos contra o estudo científico da origem da vida ou abiogênese. Em um artigo do prestigiado periódico Biology & Philosophy,[34] Richard Carrier demonstrou que todos os argumentos criacionistas contra a abiogênese recaem em seis classes de erros:

  1. Fontes obsoletas.
  2. Omissão de contexto.
  3. Uso incorreto da Matemática (bad math).
  4. Falácia da confusão dos jogadores com o vencedor.
  5. Estimativa tendenciosa do tamanho do protobionte (begging the size of the protobiont).
  6. Confusão de características desenvolvidas ao longo da evolução com estruturas espontâneas (confusing evolved for spontaneous features).

É importante salientar que existem vários outros artigos criticando os argumentos criacionistas acerca da abiogênese.[35]

Toda a argumentação criacionista quanto ao desconhecimento sobre como a vida teria se originado naturalmente não raramente tenta levar a crer que, sem essa resposta, todas as demais áreas da ciência às quais se opõem, em especial a evolução biológica, desmoronam como conseqüência. Essa é uma falácia non sequitur - a conclusão não decorre das premissas - pois as evidências das diversas áreas que compõem o evolucionismo não são totalmente dependentes umas das outras, e dessa forma, é possível ainda se estabelecer os laços de parentesco entre todos os organismos, mesmo sem saber de onde teria vindo o ancestral comum de todos eles.

[editar] Argumentos contra o criacionismo

Durante mais de trinta séculos, a crença criacionista perdurou como uma verdade absoluta em diversas partes do mundo, interpretada literalmente da forma como está escrita nos textos sagrados das diversas literaturas religiosas, não dando chance a qualquer opinião discordante, menos por imposição das autoridades da época e mais por uma ausência de necessidade prática de um maior questionamento.

Somente nos últimos dois séculos, com a valorização do direito do homem à liberdade de pensamento, uma série de argumentos foram levantados contra esse predomínio eminentemente religioso. A interpretação criacionista literal perdeu sua unidade, sendo questionada com maior profundidade.

De acordo com praticamente todos os cientistas, todas as ramificações do criacionismo ferem importantes princípios filosóficos da ciência. Para os que pensam dessa forma, os principais argumentos comparativos propostos são:

  1. O criacionismo não pode ser considerado como uma ciência, nem sequer uma teoria. Uma teoria requer análises, estudos, testes, experiências, modificações e, finalmente, adequações. Uma teoria evolui com o decorrer do tempo, à medida que o ser humano amplia seus conhecimentos e suas descobertas. Naturalmente, a ciência, no sentido usado nesse contexto, não pode nem afirmar nem negar que o criacionismo seja verdadeiro - é não-falseável e portanto não-científico. Este argumento, no entanto, não significa muita coisa, uma vez que o ato de ser não-científico não significa, necessariamente, que é incorreto ou desprezável.
  2. A evolução é uma estrutura teórica bem definida, que embasa a Cladística, a Biologia do Desenvolvimento, a Paleontologia, a Genética de Populações e todas as demais áreas da Biologia; ao passo que o criacionismo é constituído de uma multiplicidade de superstições, sem unidade, criadas pelas centenas de religiões e mitos hoje existentes ou que já existiram outrora.
  3. A evolução é uma teoria fundamentada em achados fósseis concretos e em experimentos realizados, enquanto que o criacionismo é abstrato, indemonstrável e desprovido de bases científicas.
  4. Os argumentos neocriacionistas, que utilizam recentes descobertas da ciência, de uma forma geral, são falácias que poderiam provar a veracidade de qualquer crença, seja ela judaico-cristã, muçulmana, hinduísta, umbandista, pagã, animista ou de qualquer outra crença religiosa.
  5. O evolucionismo esforça-se em buscar explicações para os eventos da Natureza, enquanto que o criacionismo esforça-se em adaptar os eventos da Natureza à sua visão de mundo.
  6. O criacionismo não possui bases científicas, portanto é certamente uma visão de mundo, não podendo se apresentar como ciência, pois não tem indícios para tal e não é comprovada cientificamente.

Não sendo o design inteligente (ou qualquer outra forma de criacionismo) científico, não existem debates científicos entre ele e a evolução. A teoria da evolução é suportada por muitas evidências e é aceita por virtualmente todos os cientistas do mundo, enquanto o criacionismo não possui evidências, apenas escrituras antigas. Trata-se de uma discussão entre conhecimento científico e crenças religiosas, portanto.

Quanto aos poucos cientistas que acreditam no criacionismo, eles representam, segundo a revista Newsweek, apenas 0,15% de todos os cientistas da vida (biólogos) e da Terra (geólogos) com alguma crendencial acadêmica respeitável nos EUA.[36] São 700, entre os 480.000 cientistas.

Uma pesquisa da Organização Gallup[37] chegou à conclusão de que cinco por cento dos cientistas americanos acreditam no criacionismo da Terra Jovem, quarenta por cento acreditam que nós humanos evoluímos de outras formas de vida em um processo evolutivo de milhões de anos, mas que Deus guiou o processo, e cinqüenta e cinco por cento acreditam que nós evoluímos de outras formas de vida e que Deus não teve participação nenhuma nesse processo.

Mas essa pesquisa não considerou apenas biólogos e geólogos como a outra, mas cientistas de todas as áreas, engenheiros químicos, bacharéis em ciência da computação etc. Portanto, há pouquíssimos cientistas que defendem o criacionismo e freqüentemente eles pertencem a áreas de atuação que não têm relevância na discussão, além de não se basearem em nenhuma pesquisa científica séria para sustentar sua posição.

A afirmação de que nenhuma vida pode surgir de não-vida foi recentemente desafiada a partir de experimentos onde um vírus é sintetizado em laboratório,[38] mas a questão de se um vírus pode ou não ser considerado um ser vivo nunca foi um consenso entre cientistas. Outra questão levantada pelos criacionistas é que esse tipo de experimento na verdade comprovaria a necessidade de uma inteligência e intencionalidade por trás do processo. No entanto, é imprescindível lembrar-se de que experimentos laboratoriais são fundamentalmente diferentes de processos de simples montagem intencional, pois na realidade visam a reproduzir as situações em que um fenômeno ocorreria naturalmente, espontaneamente.

[editar] Teologia Evolucionista

Consulte também: Evolucionismo teísta

Alguns teólogos têm procurado conciliar os textos bíblicos com a Teoria da Evolução.

Teilhard de Chardin foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que logrou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou-nos uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico de sua obra, acusando-a de vir carregada de um misticismo e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da Igreja Católica, por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.

"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."

O Padre Ariel Álvarez Valdez sustenta que se trata de uma parábola composta por um catequista hebreu, a quem os estudiosos chamam de “yahvista”, escrita no século X AC, que não pretendia dar uma explicação científica sobre a origem do homem, mas sim fornecer uma interpretação religiosa, e elegeu esta narração na qual cada um dos detalhes tem uma mensagem religiosa, segundo a mentalidade daquela época[39].

John F. Haught, filósofo americano criador do conceito de Teologia evolucionista, diz que "o retrato da vida proposto por Darwin constitui um convite para que ampliemos e aprofundemos nossa percepção do divino. A compreensão de Deus que muitos e muitas de nós adquirimos em nossa formação religiosa inicial não é grande o suficiente para incorporar a biologia e a cosmologia evolucionistas contemporâneas. Além disso, o benigno designer [projetista] divino da teologia natural tradicional não leva em consideração, como o próprio Darwin observou, os acidentes, a aleatoriedade e o patente desperdício presentes no processo da vida”, e que “Uma teologia da evolução, por outro lado, percebe todas as características perturbadoras contidas na explicação evolucionista da vida”, sobre as idéias de Richard Dawkins, Haught declara que: “A crítica da crença teísta feita por Dawkins se equipara, ponto por ponto, ao fundamentalismo que ele está tentando eliminar”[40].

Ilia Delio, teóloga americana, sustenta que a teologia pode “tirar proveito” das aquisições de uma ciência que vê na “mutação” o núcleo essencial da matéria[41].

O Rabino Nilton Bonder sustenta que: "a Bíblia não tem pretensões de ser um manual eterno da ciência, e sim da consciência. Sua grande revelação não é como funciona o Universo e a realidade, mas como se dá a interação entre criatura e Criador"[42].

[editar] Visões criacionistas

As visões criacionistas nasceram a partir da experiência humana primitiva e tinham como objetivo responder às indagações do homem sobre a origem do Universo – um tema sempre presente no espírito humano em todas as épocas e em todas as civilizações. Assim, na tentativa de explicar a essência de todas as coisas e estabelecer um elo entre o compreensível e o incompreensível, entre o físico e o metafísico, uma quantidade infindável de respostas foram elaboradas pelo que uns dizem ser a imaginação humana e outros dizem ser a própria vontade de suas divindades, transcritas nos textos e nos ritos sagrados de várias culturas. Exemplificando, descrevem-se a seguir algumas das principais visões criacionistas que tratam da origem do Universo.

[editar] A Tradição judaico-cristã e o criacionismo

Na tradição judaico-cristã sobre a criação divina do mundo, que é baseado em Gênesis, um ser único e absoluto, denominado Javé ou Jeová (ou Deus), perfeito, incriado, que existe por si só e não depende da existência do Universo, é o elemento central da estrutura criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, ele criou o Universo em seis dias e no sétimo descansou. Sempre através de palavras, no primeiro dia, ele fez a luz e separou o dia da noite; no segundo dia, ele criou o céu; no terceiro dia, a terra e o mar, as árvores e as plantas; no quarto dia, o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia, os peixes e as aves; e, no sexto dia, ele criou os animais e, por fim, ele fez o homem e a mulher (Adão e Eva) à sua imagem e semelhança.

Actualmente, para muitos cristãos e judeus, os sete dias da criação do mundo, de que fala a Bíblia, não devem ser entendidos literalmente, representando uma forma de explicar a criação do Universo. Mas, mesmo assim, algumas correntes, denominadas fundamentalistas, originárias em certas regiões dos EUA, acreditam em uma leitura literal da Bíblia. Alguns dos seus membros defendem o design inteligente, que não passa de mais uma teoria criacionista.

[editar] Igreja Católica e o criacionismo

Os católicos, que herdaram a mesma crença criacionista oriunda da tradição judaico-cristã, acreditam que a explicação da "feitura do universo" fala por si só, pois, como é evidente, Deus não precisa se explicar.

Actualmente, muitos deles, defendendo a posição oficial da Igreja Católica, não são estritamente criacionistas, porque, apesar de acreditarem na criação divina, eles aceitam ao mesmo tempo as teorias da evolução e do Big-Bang. Neste caso, que pode ser chamado de criacionismo evolucionista ou evolucionismo criacionista, os católicos defendem que estas teorias científicas não negam a origem divina do mundo, tendo somente a função de descrever o método com que Deus tenha criado todas as coisas. Aliás, a própria Igreja Católica, através do seu Magistério, não considera o criacionismo e o design inteligente como teorias científicas ou teológicas.[43]

Há ainda segundo outras doutrinas católicas, essa parte do Gênesis teria a função de somente ensinar à humanidade que temos que descansar.

[editar] Iorubá e o criacionismo

Na crença de Iorubá, o processo de criação envolve várias divindades. Em uma das versões, Olorum – Senhor Deus Universal – criou primeiramente todos os Orixás (divindades) para habitar Orun (o Céu, mundo espiritual), com o objetivo de usá-los como auxiliares para executar todas as tarefas que estariam relacionadas com a própria criação e o posterior governo do mundo. Então, Olorum encarregou Obatalá de criar o mundo; mas este, com pressa, não rendeu a Bará os tributos devidos e, durante sua caminhada, parou para beber vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu. Oduduá, a Divina Senhora, foi ao encontro de Obatalá e, ao vê-lo adormecido, pegou os elementos da criação e começou a formação física da terra. Ela mandou que cinco galinhas d’angola começassem a ciscar a terra, espalhando-a, dando assim origem aos continentes. Oduduá soltou então os pombos brancos - símbolo de Oxalá – e assim nasceram os céus. De um camaleão fez surgir o fogo e, com caracóis, ela criou o mar.

[editar] Criacionismo chinês

Nas crenças chinesas, P’an Ku, o Deus-Absoluto, nasce a partir de um Ovo Primordial e o processo de criação se concretiza com um sacrifício divino. P’an Ku morre, dando então origem à vida: de seu crânio surgiu a abóboda do firmamento e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras; de seu sangue os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação. Sua respiração se transformou em vento, sua voz em trovão; seu olho direito se transformou na lua, seu olho esquerdo no sol. De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.

[editar] Criacionismo grego

Segundo os gregos antigos, o princípio de todas as coisas está associado a um Caos Primordial, num tempo em que a Ordem não tinha sido ainda imposta aos elementos do mundo. Do Caos nasceu Gea (a Terra) e depois Eros (o Amor). Posteriormente, Caos engendrou o Érebo (as trevas infernais), o dia, a noite e o éter. Gea engendrou o céu, as montanhas e o mar. De Gea nasceram também os Deuses, os Titãs, os Gigantes e as Ninfas dos Bosques. Prometeu, filho do titã Jápeto, criou artesanalmente a raça humana – homens e mulheres – moldando-os com argila e água. E então Atena, deusa da sabedoria, ao ver essas criaturas, insuflou em seu interior alma e vida.

[editar] Criacionismo no hinduísmo

No hinduísmo, o tempo não é linear como em outras crenças. Aqui, o tempo tem uma natureza circular, pois a criação e a evolução são repetidas eternamente, em ciclos de renovação e destruição simbolizados pela dança rítmica do deus Shiva. "Na noite do Brahma – essência de todas as coisas – a natureza é inerte e não pode se mover até que Shiva assim o deseje. Shiva desperta de seu sono profundo e através de sua dança faz aparecer a matéria à sua volta. Dançando, Shiva sustenta seus infinitos fenômenos e, quando o tempo se esgota, ainda dançando, ele destrói todas as formas por meio do fogo e se põe de novo a descansar".

[editar] Caráter teórico

Note-se que essa questão envolve várias questões de ordem filosófica e epistemológica. Se olharmos para a ciência como um sistema teórico em constante mutação e que não pressupõe verdades absolutas que não possam ser refutadas experimentalmente, as críticas de ambos os lados da barricada centram-se no mesmo problema: a dogmatização das teorias científicas.

Os evolucionistas acusam os criacionistas de transporem para a ciência as suas crenças pessoais e de misturarem fé com realidade observável. Os criacionistas acusam os evolucionistas de fazerem exatamente o mesmo ao imporem a sua visão das coisas, tentando demonstrar que a teoria não assenta em bases sólidas que justifiquem encarar a evolução como um fato, independentemente da forma como esta se processou ou não.

Essas críticas levaram a crescentes controvérsias, nos EUA principalmente, sobre o ensino da evolução nas escolas e universidades. Apesar das Provas da Teoria de Oparin, por exemplo, os criacionistas mantêm a polémica.

As áreas da ciência definidas pelos criacionistas como "evolucionismo" contêm teorias construídas a partir dos pressupostos do paradigma científico atual, com o intuito de explicar os achados da Paleontologia e outros dados científicos presentes nos organismos (como órgãos vestigiais, entre outros). Sempre que novos dados refutam as teorias propostas, lançam-se novas hipóteses, ou corrige-se a teoria.

Note-se contudo, que é assim que a ciência evolui ela mesma - pela constante retificação de teorias e pela constante experimentação, não com o objetivo de assegurar a teoria, mas de procurar onde estão as falhas, para que estas possam ser corrigidas e expostas de forma mais aproximada da realidade. Os criacionismos propõem uma explicação sobrenatural para as observações naturais, o que não é passível de ser refutado experimentalmente. Os criacionistas, ao partirem do pressuposto de que houve um criador ou criadores, interpretam os dados científicos para justificarem a sua crença.

Outros observam que os criacionismos e a ciência convencional olham o mesmo fenômeno, a vida, com lentes diferentes. Ao passo que as áreas da ciência que compõem o evolucionismo procuram olhar para o passado e para o registro fóssil em busca de evidências que expliquem como ocorreu a evolução, os criacionistas olham para o presente e questionam as evidências da história natural.

Referências

  1. Evolution Vs. Creationism, Eugenie Scott, Niles Eldredge, p. 114
  2. One of the most significant contributions to "religious doubt" came from geologist Charles Lyell, whose theory of uniformitarianism seemed to refute the old "catastrophic school". Catastrophism had held "that the fossils of extinct species embedded in rock strata were evidence of cataclysms"— potentially including the mythical flood of Noah's time. Uniformitarianism countered "that the causes of geological change in the remote past were no different from those still operative in the nineteenth century"—including erosion and other slow-moving forces; Altick (1973), pp. 222-224.
  3. Altick RD (1973). "The spirit of the age: Time, place, and change". In RD Altick, Victorian people and ideas: A companion for the modern reader of Victorian literature (pp. 73-113). New York: W. W. Norton.
  4. The moment of creation, as based upon a scriptural analysis by Irish bishop James Ussher, was set at precisely 9:00 am on October 23, 4004 B.C.; Altick (1973), pp. 98-99.
  5. Giberson KW; Yerxa DA (2002). Species of origins: America's search for a creation story. Lanham, MD: Rowman & Littlefield, p. 228
  6. a b Giberson & Yerxa (2002), pp. 1-13.
  7. cf. Thomson IT (2010). Culture wars and enduring American dilemmas. Ann Arbor: University of Michigan Press (2010). Q&A with Irene Tavis Thomson, author of Culture Wars and Enduring American Dilemmas. Retrieved 12 April 2010.
  8. Stenger V (June 2004). "The evolution of creationism". Skeptical Inquirer 14(2). Retrieved 12 April 2010; see also Numbers RL (1993). The creationists: The evolution of scientific creationism. Berkeley: University of California Press. Original work published 1992.
  9. For example, the Scopes Trial of 1925 brought creationism and evolution into the adversarial environment of the American justice system. The trial was well-publicized, and served as a catalyst for the wider creation–evolution controversy; Giberson & Yerxa (2002), pp. 3-4.
  10. Evolution's status as a "theory" has played a prominent role in the creation–evolution controversy. In scientific terminology, "theories are structures of ideas that explain and interpret facts". It is understood, therefore, that "evolution is a fact and a theory". In contrast, when strict creationists refer to evolution as a theory, they often mean to characterize evolution as an "imperfect fact", drawing upon the vernacular conception of "theory" as "part of a hierarchy of confidence running downhill from fact to theory to hypothesis to guess"; Gould SJ (May 1981). Evolution as fact and theory. Retrieved 12 April 2010; Moran L (2002). Evolution is a fact and a theory. Retrieved 12 April 2010. Original work published 1993.
  11. a b Campbell D (2006, 21 February). "Academics fight rise of creationism at universities". The Guardian. Retrieved 07 April, 2010.
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  42. Darwin e heresias, publicado no jornal O Globo de 03 de março de 2009, acessado em 20 de julho de 2010
  43. Vatican official calls atheist theories 'absurd' / Cardinal Levada: No conflict between evolution science and faith in God (em inglês) (3 de Março de 2009). Página visitada em 28 de Abril de 2010.

[editar] Ver também

Livros da Wikipédia Livro: Evolução
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[editar] Ligações externas

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 {{parcial|data=Setembro de 2010}}{{mais notas|data=março de 2010}}
[[Ficheiro:God2-Sistine Chapel.png|thumb|400px|''[[A Criação de Adão]]'', de [[Michelangelo]].]]
O '''criacionismo''' é uma cosmovisão multidisciplinar defendida por muitos cientistas onde ocorre uma reinterpretação de fatos biológicos, genéticos, geológicos, arqueológicos, fisico-quimicos  e paleontológicos, que concorrem como perspectiva alternativa convencional estabelecida desde a visão lamarkista de Darwin (acrescida das idéias de seleção natural de Wallace) em associação com o uniformitarianismo de Lyell, em quem Darwin se apoiou para relacionar as bio-modificações ocorrendo gradualmente durante os milhões de anos geológicos. O criacionismo defende que a historia bíblica da criação de Adão e Eva, ocorridos a 6 mil anos atrás, e defende sua literalidade usando como argumento por exemplo,  a  impossibilidade de populações ancestrais, que a estatística genealógica aponta como muito reduzidas a poucos milhares de anos,  não terem se extinguido caso tivessem DNA com número de defeitos e mutações que temos hoje.


Apesar do criacionismo representar o esforço de uma cultura milenar judaico-cristã de demonstrar sua validade sob a metodologia cientifica, ele é considerado por muitos cientistas como uma simples  [[crença religiosa]]<ref>''Evolution Vs. Creationism'', [[Eugenie Scott]], Niles Eldredge, p. 114</ref> de que a [[humanidade]], a [[vida]], a [[Terra]] e o [[universo]] são a criação de um agente [[sobrenatural]]. No [[século XIX]], os [[geólogo]]s e outros cientistas [[Reino Unido|britânicos]]<ref name = "Altick_footnote3">One of the most significant contributions to "religious doubt" came from geologist [[Charles Lyell]], whose theory of [[uniformitarismo|uniformitarianism]] seemed to refute the old "catastrophic school". [[Catastrofismo|Catastrophism]] had held "''that the [[fossil]]s of [[Extinção|extinct]] species embedded in [[Estrato geológico|rock strata]] were evidence of cataclysms''"— potentially including the [[Dilúvio (mitologia)|mythical flood]] of [[Noé|Noah's]] time. Uniformitarianism countered "''that the causes of geological change in the remote past were no different from those still operative in the nineteenth century''"—including [[erosão|erosion]] and other slow-moving forces; Altick (1973), pp. 222-224.</ref> argumentaram que o mundo era bem mais velho que os cálculos do [[século XVII]], baseado em [[Livro sagrado|escrituras]] de menos de seis milênios.<ref name = "Altick_geology">Altick RD (1973). "The spirit of the age: Time, place, and change". In RD Altick, ''Victorian people and ideas: A companion for the modern reader of Victorian literature'' (pp. 73-113). New York: W. W. Norton.</ref><ref name = "Altick_footnote2">The moment of creation, as based upon a scriptural analysis by Irish bishop [[James Ussher]], was set at precisely 9:00 am on October 23, 4004 B.C.; Altick (1973), pp. 98-99.</ref> Nos [[Estados Unidos]], onde a "cultura ... é dedicada a uma visão profundamente científica, mas continua firmemente enraizada em suas tradições profundamente religiosas ",<ref name = "Giberson_paradox">Giberson KW; Yerxa DA (2002). [http://books.google.com/books?id=BXt7khUslccC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false ''Species of origins: America's search for a creation story'']. Lanham, MD: Rowman & Littlefield, p. 228</ref> as aparentes discrepâncias entre a [[ciência]] e a [[religião]] foram aproveitadas e ampliadas em uma "guerra cultural"<ref name = "Giberson_warfare"/><ref name = "Thomson">[[cf.]] Thomson IT (2010). ''Culture wars and enduring American dilemmas''. Ann Arbor: [[University of Michigan Press]] (2010). [http://www.press.umich.edu/pdf/9780472070886-qa.pdf ''Q&A with Irene Tavis Thomson, author of </i>Culture Wars and Enduring American Dilemmas<i>'']. Retrieved 12 April 2010.</ref> sobre se a ciência ou a religião pode fornecer a história da criação mais autenticamente estadunidense.<ref name = "Giberson_warfare">Giberson & Yerxa (2002), pp. 1-13.</ref> Por volta da [[década de 1920]], o criacionismo [[Bíblia|bíblico]] havia se tornado "a alternativa ao padrão"<ref name = "Stenger_CSI">[[Victor J. Stenger|Stenger V]] (June 2004). [http://www.csicop.org/sb/show/evolution_of_creationism/ "The evolution of creationism"]. ''Skeptical Inquirer 14''(2). Retrieved 12 April 2010; see also [[Ronald Numbers|Numbers RL]] (1993). [[The Creationists|''The creationists: The evolution of scientific creationism'']]. Berkeley: University of California Press. Original work published 1992.</ref> às explicações científicas da [[biosfera]].

Desde o final do século XIX o criacionismo, nos Estados Unidos foi estabelecido em nítido contraste com as teorias científicas, como a da [[evolução]],<ref name = "Giberson_Scopes">For example, the [[Scopes Trial]] of 1925 brought creationism and evolution into the adversarial environment of the American justice system. The trial was well-publicized, and served as a catalyst for the wider creation–evolution controversy; Giberson & Yerxa (2002), pp. 3-4.</ref><ref name = "Gould_Moran">Evolution's status as a "theory" has played a prominent role in the creation–evolution controversy. In scientific terminology, "theories are structures of ideas that explain and interpret facts". It is understood, therefore, that "evolution is a fact and a theory". In contrast, when strict creationists refer to evolution as a theory, they often mean to characterize evolution as an "imperfect fact", drawing upon the [[vernacular]] conception of "theory" as "part of a hierarchy of confidence running downhill from fact to theory to hypothesis to guess"; [[Stephen Jay Gould|Gould SJ]] (May 1981). [http://www.stephenjaygould.org/library/gould_fact-and-theory.html ''Evolution as fact and theory'']. Retrieved 12 April 2010; Moran L (2002). [http://www.talkorigins.org/faqs/evolution-fact.html ''Evolution is a fact and a theory'']. Retrieved 12 April 2010. Original work published 1993.</ref> que decorrem a partir de observações [[Naturalismo (filosofia)|naturalistas]] do [[Universo]] e da [[vida]]. Criacionistas estritos<ref name = "Campbell_2006">Campbell D (2006, 21 February). [http://www.guardian.co.uk/world/2006/feb/21/religion.highereducation "Academics fight rise of creationism at universities"]. ''[[The Guardian]]''. Retrieved 07 April, 2010.</ref> acreditam que a [[evolução]] não pode explicar adequadamente a [[História da vida|história]], a [[Biodiversidade|diversidade]] e a [[complexidade]] da vida na Terra.<ref name = "crossref1">For the biological understanding of complexity, see ''[[Evolution of complexity]]''. For a creationist perspective, see ''[[Irreducible complexity]]''.</ref> Criacionistas rigorosos das religiões [[Judaismo|judaica]] e [[Cristianismo|cristã]] geralmente baseiam a sua crença em uma leitura literal do [[Gênesis#A história da criação|mito da criação do Gênesis]].<ref name = "Campbell_2006"/><ref name=TopicIndex>{{cite web |url=http://www.counterbalance.net/history/intro-frame.html |title=Creationism History: Topic Index |author=Ronald L. Numbers |authorlink=Ronald L. Numbers |publisher=Counterbalance Meta-Library |accessdate=2009-06-22}}</ref> Outras religiões têm diferentes mitos da criação,<ref>{{Cite journal | last        = Dundes | first       = Alan | date        = Winter, 1997 | title       = Binary Opposition in Myth: The Propp/Levi-Strauss Debate in Retrospect | journal     = Western Folklore | issue       = 56 | pages       = 39–50}}</ref><ref>{{Cite book | last        = Dundes | first       = Alan | year        = 1984 | title       = Introduction. Sacred Narrative: Readings in the Theory of Myth. Ed. Alan Dunes.  | publisher   = University of California Press}}</ref><ref>{{Cite book | last        = Dundes | first       = Alan | year        = 1996 | title       = "Madness in Method Plus a Plea for Projective Inversion in Myth". Myth and Method. Ed. Laurie Patton and Wendy Doniger. | publisher   = Charlottesville: University of Virginia Press }}</ref> enquanto que os diferentes membros de religiões individuais variam em sua aceitação das descobertas científicas. Em contraste com os criacionistas estritos, os [[Evolucionismo teísta|criacionistas evolucionários]] sustentam que, embora as contas de evolução para a natureza da evolução da biosfera, por si só é [[Cosmologia|cosmologicamente]] atribuível a uma [[divindade criadora]].<ref name = "Corey">See, e.g., Corey MA (1993). "Making sense of the 'coincidences'". In MA Corey, [http://books.google.com/books?id=M8wYPYrKnHgC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false ''God and the new cosmology: The anthropic design argument''] (pp. 157-174). Lanham, MD: Rowman & Littlefield.</ref>

Quando a corrente principal da pesquisa científica produz conclusões teóricas que contradizem a interpretação criacionista estrita da escritura, os criacionistas muitas vezes rejeitam as conclusões da pesquisa<ref>{{cite web | last = Isaak  | first = Mark | title =CA230: Interpretation and observation | work = Index to Creationist Claims | publisher = [[TalkOrigins Archive]] | year =2004 | url =http://www.talkorigins.org/indexcc/CA/CA230.html | accessdate =2009–08-20 }}</ref> ou as suas teorias científicas<ref>{{cite web | last = Isaak  | first = Mark | title =CA215: Practical uses of evolution. | work = Index to Creationist Claims | publisher = [[TalkOrigins Archive]] | year =2005 | url =http://www.talkorigins.org/indexcc/CA/CA215.html | accessdate =2009–08-20 }}<br />{{cite web | last = Isaak  | first = Mark | title =CH100.1: Science in light of Scripture | work = Index to Creationist Claims | publisher = [[TalkOrigins Archive]] | year =2005 | url =http://www.talkorigins.org/indexcc/CH/CH100_1.html | accessdate =2009–08-20 }}</ref> ou sua [[metodologia]].<ref>{{cite web | last = Isaak  | first = Mark | title =CA301: Science and naturalism | work = Index to Creationist Claims | publisher = [[TalkOrigins Archive]] | year = 2004 | url =http://www.talkorigins.org/indexcc/CA/CA301.html | accessdate =2009–08-20 }}</ref> A rejeição do conhecimento científico tem suscitado [[Controvérsia da criação versus evolução|controvérsias]] políticas e teológicas.<ref name=NCSEcreationism>{{cite web |url=http://ncse.com/creationism |title=NCSE : National Center for Science Education - Defending the Teaching of Evolution in Public Schools. |year= 2008 |work=Creationism |publisher= |accessdate=2009-06-22}}</ref> Dois ramos derivadas do criacionismo—"[[Criacionismo científico|ciência da criação]]" e "[[design inteligente|''design'' inteligente]]"—têm sido caracterizados como [[pseudociência]] pela [[comunidade científica]] dominante.<ref>{{cite web|url=http://ncse.com/media/voices/science|title=Statements from Scientific and Scholarly Organizations |publisher=National Center for Science Education|accessdate=2008-08-28}}</ref> A mais notável preocupação contesta a evolução dos organismos vivos, a idéia da [[origem comum]], a [[Escala de tempo geológico|história geológica da Terra]], a [[Formação e evolução do Sistema Solar|formação do sistema solar]] e a [[origem do universo]].<ref>[http://www.royalsoc.ac.uk/news.asp?year=&id=4298 Royal Society statement on evolution, creationism and intelligent design<!-- Bot generated title -->]</ref><ref>National Association of Biology Teachers [http://www.nabt.org/sub/position_statements/evolution.asp Statement on Teaching Evolution]</ref><ref>[http://www.interacademies.net/Object.File/Master/6/150/Evolution%20statement.pdf IAP Statement on the Teaching of Evolution] Joint statement issued by the national science academies of 67 countries, including the [[United Kingdom|United Kingdom's]] [[Royal Society]] (PDF file)</ref><ref>From the [[American Association for the Advancement of Science]], the world's largest general scientific society: {{PDFlink|[http://www.aaas.org/news/releases/2006/pdf/0219boardstatement.pdf 2006 Statement on the Teaching of Evolution]|44.8&nbsp;KB}}, [http://www.aaas.org/news/releases/2006/0219boardstatement.shtml AAAS Denounces Anti-Evolution Laws]</ref>

== Uso do termo ==
Dentro do termo ''criacionismo'', um vasto espectro de [[hipótese]]s podem ser enquadradas, que podem vir a sustentar interpretação em diversos graus de literalidade de livros sagrados como o ''[[Gênesis]]'' ou o ''[[Corão]]''.

Na maioria das [[civilizações]] antigas, tanto como nas atuais, é possível encontrar relatos tentando explicar a origem de tudo como um ato intencional criativo, muitas vezes destacando uma figura como o originador da vida.

Dentre os argumentos dos criacionistas está a existência da [[design inteligente|Teoria do Design Inteligente]] (DI, ou ID, de ''intelligent design''), que embora não conteste um processo gradual de evolução, aponta uma causa inteligente para as características naturais dos seres vivos<ref name="dig01">[http://www.evolutionnews.org/2010/08/a_biologist_misunderstands_int037571.html A Biologist Misunderstands Intelligent Design (Again)]</ref>. Os criacionistas também têm questionado a evolução usando a "análise crítica da evolução", ao realizar perguntas sobre assuntos aos quais a ciência ainda não obteve respostas.

== Diversidade de conceitos ==
O criacionismo, como idéia geral, se caracteriza por [[teoria]]s sobre fenômenos relacionados à origem do Universo, da vida e das espécies de seres vivos.

Todo criacionismo se baseia em uma crença religiosa de que o universo e os seres vivos foram criados por Deus. Contudo, algumas linhas do pensamento criacionista ambicionam oferecer um tipo de argumentação que não se restringe somente a esta convicção religiosa. Assim, buscam fundamentar a afirmação da origem divina do universo e dos seres vivos em argumentos não somente religiosos, mas também científicos e filosóficos. Tais argumentos, em alguns casos refutam  completamente evolucionismo biológico, e em outros casos aceitam parcialmente, com ressalvas, o evolucionismo biológico.

== Criacionismo da Terra Jovem ==

[[Ficheiro:Creation of Light.png|thumb|right|250px|''Criação da Luz'', por [[Gustavo Doré]]]]

Dentro do grupo de criacionistas cristãos, há os que apoiam a tese da [[criação]] da Terra considerando como literais os seis dias do [[Gênesis]] bíblico. Tais cristãos denominam-se ''criacionistas da Terra Jovem'' ou ''literalistas bíblicos''.

=== Criacionismo de Terra Antiga ===
Outros aceitam a idade da Terra, ou até mesmo do Universo, defendida pelos evolucionistas, mas mantendo ainda posições conflitantes com a [[biologia]] destes. São apelidados ''criacionistas da Terra Antiga'' ou, muitas vezes, ''da Terra Velha''. Já o ''evolucionismo criacionista'', já citado, defende a tese de que a [[Bíblia]] ou outros livros considerados sagrados dão margem a uma mistura da [[evolução]], [[Origem da Vida|origem da vida]] e [[Criação (teologia)|criação]], dizendo que [[Deus]] deu origem à [[vida]], mas permitiu que esta evoluísse.

A Bíblia faz menção de seis [[dia]]s criativos e um sétimo dia não terminado. Os criacionistas que apoiam a tese da Terra Antiga, tentam realizar uma interpretação abstrata da palavra "dias", dizendo que ''dias'' podem significar milhares ou até mesmo bilhões de [[ano]]s, tentando tornar compatível a tese da criação com a datação apresentada pelos que crêem na evolução, embora a [[Geologia]] apresente várias provas de que a datação dos criacionistas está incorreta.

Os criacionistas trabalham basicamente com [[teoria]]s para refutar os [[argumento]]s dos evolucionistas, sem evidências concretas. A maior dificuldade dos criacionistas é serem levados a sério, devido à tentativa de fundirem ciência com religião. Enquanto a ciência consiste em realizar experimentos, testes, observações e outros métodos que permitam a comprovação de fatos, até determinar um resultado concreto, a religião é baseada unicamente em crenças pessoais, sem bases.

=== Ramificação ===
Entre as diversas correntes criacionistas da Terra Antiga, há duas principais:

* ''Neocriacionismo'' - também chamado de ''[[Design inteligente]]'', corrente surgida por volta de [[1920]] nos [[Estados Unidos da América|EUA]], defende a tese de que houve influência de uma entidade inteligente na criação dos seres vivos. Grupos religiosos dessa corrente têm lutado para incluir esse ensino nas escolas, em pé de igualdade com o ensino da [[evolução]]. Os evolucionistas a consideram apenas o criacionismo clássico travestido de [[pseudociência]] para poder ser ensinado nas escolas. Assim foi considerada em decisão judicial, pelo juiz John Jones, que proibiu seu ensino em escolas públicas.<ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2005/12/051220_evolucionismojuizeua.shtml |título=Juiz dos EUA proíbe desenho inteligente em escola pública |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>
* ''Criacionismo Clássico'' - quanto à difusão do criacionismo clássico, segundo uma pesquisa do Instituto ''[[Gallup]]'' veiculada pela [[Folha de São Paulo]],<ref>{{Citar web |url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u356318.shtml |título=Design'' Ontológico |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> noventa por cento dos norte-americanos acreditam em um Deus criador, sendo que quarenta e cinco por cento acham que a criação ocorreu exatamente como o livro do ''Gênesis'' descreve. A pesquisa mostra que, entre os membros da Academia Nacional de Ciências estadunidense, dez por cento expressam crença num deus, o que não significa necessariamente que sejam criacionistas. A maioria deles são evolucionistas teístas, como [[Francis Collins]], que deixa claro seu repúdio tanto ao criacionismo quanto ao ''design'' inteligente em seu livro ''[[The Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief]]'' (publicado em julho de [[2006]]). Várias religiosos possuem diferentes visões do criacionismo, como o [[cristão]], [[muçulmano]], [[hindu]] etc.

==== Criacionismo dito científico ====

Dentre os criacionistas de terra antiga e clássicos figuram-se aqueles que denominam-se defensores de um '''criacionismo científico''', que se fundamenta em supostas evidências de que houve planejamento no surgimento das espécies (no que se associa ao chamado [[Design inteligente|''Design'' Inteligente]], do planeta e de todo o universo ,em suma, argumentos [[Teleologia|teleológicos]]). Essa posição pretendente a científica aponta para a existência de um ''ser criador'' sem identificá-lo; enquanto o criacionismo religioso afirma quem é o criador. Mas invariavelmente, os defendores deste tipo de criacionismo tenderão a associar suas afirmações com a narrativa bíblica. Segundo o Dr. [[Adauto Lourenço]], físico brasileiro de orientação criacionista biblicista, ''afirmar que houve criação seria uma questão científica, afirmar quem é o criador é religiosa''.

O problema deste tipo de afirmação é que contraria na atual definição de ciência (pela [[Filosofia da ciência|Filosofia da Ciência]]) o que seja o [[Problema da demarcação|princípio de demarcação]]: a ciência não pode fazer afirmações com base em um suposto agente sobrenatural, que esteja além das evidências. Logo, pode-se afirmar que exista a ação de uma entidade sobenatural, mas não se pode afirmar que esta afirmação seja científica.

== Argumentos neocriacionistas ==
{{ver também artigo principal|[[Design Inteligente]]}}

Apesar da predominância de correntes evolucionistas nos meios acadêmicos, alguns cientistas tornaram-se notados por defenderem o criacionismo clássico, que envolve a crença num criador. Os argumentos de pessoas pertencentes a comunidade científica em favor do criacionismo apontam para a organização e exatidão das leis naturais. Essa visão dá uma imagem que parece com aquela proposta por [[Isaac Newton]], ao comparar o mundo a um mecanismo que evidencia um projeto inteligente e sobrenatural.

As novas tendências científicas têm, contudo, levado a uma diferente visão do Universo, menos [[Determinismo|determinista]] e [[mecanicista]]. É comum dar como exemplo a distância propícia entre o [[Sol]] e a [[Terra]], que permite temperaturas amenas, as quais possibilitam a continuidade da vida. É interessante verificar que esse mesmo argumento é utilizado pelos evolucionistas para referir o caráter excepcional da posição da Terra, não para uma suposta "continuidade" (palavra que implica a ideia de um projeto ou um plano para a Criação) da vida, mas para a sua emergência e evolução. É importante notar que, apesar de alguns poucos cientistas defenderem o criacionismo, isso não significa que existem argumentos científicos a favor do criacionismo nem contra as evidências e provas que o combatem.

Indivíduos teístas que aceitam as hipóteses científicas podem ver nas características e regularidades da Natureza (como a regularidade verificada nos [[elemento químico|elementos químicos]] na [[tabela periódica]] ou o fato de os acontecimentos físicos obedecerem a leis que podem ser expressas em equações matemáticas "exatas") base para se pressupor uma ordem, citada e interpretada como prova da existência de um legislador que legisla e faz cumprir essas leis. Por essas mesmas leis, o Universo teria vindo a existir por determinação divina e teria se desenrolado sua história da mesma forma, sendo parte dela a origem e a evolução da vida na Terra. Criacionistas, no entanto, não acreditam que o Universo e suas partes tenham sido criados segundo essas leis, mas que tudo foi criado do nada (ou ''ex nihilo'', termo em [[latim]] mais sofisticado) e só então essas leis passaram a vigorar.

Os argumentos neocriacionistas são associados aos [[argumento teleológico|argumentos teleológicos]], como o [[Analogia do relojoeiro|argumento do relojoeiro de Paley]].

Como um exemplo de argumentação deste tipo, é sempre citado o exemplo marcante de cientistas que construíram um determinado [[misticismo]] sofisticado sobre o que seja a natureza. Dentre os cientistas que fizeram afirmações neste sentido estão [[Albert Einstein]], que por visão [[Determinismo|determinista]] da natureza chegou a expressar-se com a famosa frase: "''Deus não joga dados com o universo''", quando discutia o caráter [[Aleatoriedade|aleatório]] da [[Mecânica quântica|Mecânica Quântica]], do qual discordava.

Outras de suas afirmações incluem: ''- creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia'';''- não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam idéias que datam de 1880;'' (no que por si, já argumenta contra um criacionismo biblicista); ''- aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria.'' (no que defende que apenas as modificações do natural produzem os fenômenos naturais, e logo, não o criacionismo por atos e fatos miraculosos, intervenientes contra as leis naturais).

== Os argumentos criacionistas ==

Existem argumentos criacionistas contra a [[Paleontologia]], [[Geologia]] e [[Sistemática]].  Esses argumentos não levam em conta a metodologia utilizada por essas disciplinas, que são os métodos estatísticos e computacionais<ref>{{Citar web |url=http://evolution.genetics.washington.edu/phylip/software.pars.html |título=Evolution'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> da [[Cladística]], como a ''máxima parcimônia''<ref>{{Citar web |url=http://www.icp.be/~opperd/private/parsimony.html |título=Parcimony'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> e o ''bootstraping'',<ref>{{Citar web |url=http://www.icp.be/~opperd/private/bootstrap.html |título=Bootstrap'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> utilizados pelos sistematas. Também não existem argumentos consistentes contra os métodos de [[datação radiométrica]]<ref>{{Citar web |url=http://www.talkorigins.org/faqs/dating.html |título=Dating'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> de [[fósseis]] e rochas utilizados pelos geólogos e paleontólogos.

Criacionistas questionam também experiências relacionadas à demonstração da [[seleção natural]], como aquela relativa às mariposas cujas cores foram influenciadas pelas mudanças advindas da [[Revolução Industrial]]. Nesse caso, especificamente, apontam falhas na metodologia como confirmação de que não existiria seleção natural.

== Classificação dos argumentos criacionistas ==
Criacionistas costumam focar os seus argumentos contra o estudo científico da origem da vida ou [[abiogênese]]. Em um artigo do prestigiado periódico ''Biology & Philosophy'',<ref>{{Citar web |url=http://www.springerlink.com/content/p3151g7q14n38286/ |título=Springerlink'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> [[Richard Carrier]] demonstrou que todos os argumentos criacionistas contra a abiogênese recaem em seis classes de erros:

# Fontes obsoletas.
# Omissão de contexto.
# Uso incorreto da Matemática (''bad math'').
# [[Falácia]] da confusão dos jogadores com o vencedor.
# Estimativa tendenciosa do tamanho do [[protobionte]] (''begging the size of the protobiont'').
# Confusão de características desenvolvidas ao longo da evolução com estruturas espontâneas (''confusing evolved for spontaneous features'').

É importante salientar que existem vários outros artigos criticando os argumentos criacionistas acerca da abiogênese.<ref>{{Citar web |url=http://www.talkorigins.org/faqs/abioprob/ |título=Talkorigins'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>

Toda a argumentação criacionista quanto ao desconhecimento sobre como a vida teria se originado naturalmente não raramente tenta levar a crer que, sem essa resposta, todas as demais áreas da ciência às quais se opõem, em especial a [[evolução|evolução biológica]], desmoronam como conseqüência. Essa é uma falácia ''[[non sequitur]]'' - a conclusão não decorre das premissas - pois as evidências das diversas áreas que compõem o evolucionismo não são totalmente dependentes umas das outras, e dessa forma, é possível ainda se estabelecer os laços de parentesco entre todos os [[organismo]]s, mesmo sem saber de onde teria vindo o [[origem comum|ancestral comum]] de todos eles.

== Argumentos contra o criacionismo ==
Durante mais de trinta [[século]]s, a crença criacionista perdurou como uma verdade absoluta em diversas partes do mundo, interpretada literalmente da forma como está escrita nos textos sagrados das diversas literaturas religiosas, não dando chance a qualquer opinião discordante, menos por imposição das autoridades da época e mais por uma ausência de necessidade prática de um maior questionamento.

Somente nos últimos dois séculos, com a valorização do direito do homem à liberdade de pensamento, uma série de argumentos foram levantados contra esse predomínio eminentemente religioso. A interpretação criacionista literal perdeu sua unidade, sendo questionada com maior profundidade.

De acordo com praticamente todos os cientistas, todas as ramificações do criacionismo ferem importantes princípios filosóficos da ciência. Para os que pensam dessa forma, os principais argumentos comparativos propostos são:

# O criacionismo não pode ser considerado como uma ciência, nem sequer uma teoria. Uma [[teoria]] requer análises, estudos, testes, experiências, modificações e, finalmente, adequações. Uma teoria evolui com o decorrer do tempo, à medida que o ser humano amplia seus conhecimentos e suas descobertas. Naturalmente, a ciência, no sentido usado nesse contexto, não pode nem afirmar nem negar que o criacionismo seja verdadeiro - é não-falseável e portanto não-científico. Este argumento, no entanto, não significa muita coisa, uma vez que o ato de ser não-científico não significa, necessariamente, que é incorreto ou desprezável.
# A evolução é uma estrutura teórica bem definida, que embasa a [[Cladística]], a [[Biologia do Desenvolvimento]], a [[Paleontologia]], a [[Genética populacional|Genética de Populações]] e todas as demais áreas da Biologia; ao passo que o criacionismo é constituído de uma multiplicidade de [[superstições]], sem unidade, criadas pelas centenas de religiões e [[mito]]s hoje existentes ou que já existiram outrora.
# A evolução é uma teoria fundamentada em achados fósseis concretos e em experimentos realizados, enquanto que o criacionismo é abstrato, indemonstrável e desprovido de bases científicas.
# Os argumentos neocriacionistas, que utilizam recentes descobertas da ciência, de uma forma geral, são falácias que poderiam provar a veracidade de qualquer crença, seja ela judaico-cristã, muçulmana, hinduísta, umbandista, pagã, animista ou de qualquer outra crença religiosa.
# O evolucionismo esforça-se em buscar explicações para os eventos da Natureza, enquanto que o criacionismo esforça-se em adaptar os eventos da Natureza à sua visão de mundo.
# O criacionismo não possui bases científicas, portanto é certamente uma visão de mundo, não podendo se apresentar como ciência, pois não tem indícios para tal e não é comprovada cientificamente.

Não sendo o ''design'' inteligente (ou qualquer outra forma de criacionismo) científico, não existem debates científicos entre ele e a evolução. A teoria da evolução é suportada por muitas evidências e é aceita por virtualmente todos os cientistas do mundo, enquanto o criacionismo não possui evidências, apenas escrituras antigas. Trata-se de uma discussão entre conhecimento científico e crenças religiosas, portanto.

Quanto aos poucos cientistas que acreditam no criacionismo, eles representam, segundo a revista ''[[Newsweek]]'', apenas 0,15% de todos os cientistas da vida (biólogos) e da Terra (geólogos) com alguma crendencial acadêmica respeitável nos EUA.<ref>''Newsweek magazine, 1987-JUN-29, Page 23''</ref> São 700, entre os 480.000 cientistas.

Uma pesquisa da Organização ''Gallup''<ref>{{Citar web |url=http://www.ncseweb.org/resources/rncse_content/vol17/5319_many_scientists_see_god39s__12_30_1899.asp |título=Many Scientists See God's Hand in Evolution by Larry Witham'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> chegou à conclusão de que cinco por cento dos cientistas americanos acreditam no criacionismo da Terra Jovem, quarenta por cento acreditam que nós humanos evoluímos de outras formas de vida em um processo evolutivo de milhões de anos, mas que Deus guiou o processo, e cinqüenta e cinco por cento acreditam que nós evoluímos de outras formas de vida e que Deus não teve participação nenhuma nesse processo.

Mas essa pesquisa não considerou apenas biólogos e geólogos como a outra, mas cientistas de todas as áreas, engenheiros químicos, bacharéis em ciência da computação etc. Portanto, há pouquíssimos cientistas que defendem o criacionismo e freqüentemente eles pertencem a áreas de atuação que não têm relevância na discussão, além de não se basearem em nenhuma pesquisa científica séria para sustentar sua posição.

A afirmação de que nenhuma vida pode surgir de não-vida foi recentemente desafiada a partir de experimentos onde um [[vírus]] é sintetizado em laboratório,<ref>{{Citar web |url=http://www.evilbible.com/Synthetic_Life.htm |título=Evilbible'' |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> mas a questão de se um vírus pode ou não ser considerado um ser vivo nunca foi um consenso entre cientistas. Outra questão levantada pelos criacionistas é que esse tipo de experimento na verdade comprovaria a necessidade de uma inteligência e intencionalidade por trás do processo. No entanto, é imprescindível lembrar-se de que experimentos laboratoriais são fundamentalmente diferentes de processos de simples montagem intencional, pois na realidade visam a reproduzir as situações em que um fenômeno ocorreria naturalmente, espontaneamente.

=== Teologia Evolucionista ===
{{Mais informações|[[Evolucionismo teísta]]}}
Alguns teólogos têm procurado conciliar os textos bíblicos com a [[Teoria da Evolução]].

[[Teilhard de Chardin]] foi um [[sacerdote|padre]] [[jesuíta]], [[teologia|teólogo]], [[filosofia|filósofo]] e [[paleontologia|paleontólogo]] [[França|francês]] que logrou construir uma visão integradora entre [[ciência]] e [[teologia]]. Através de suas obras, legou-nos uma [[filosofia]] que reconcilia a [[ciência]] do mundo material com as forças sagradas do divino e sua [[teologia]]. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico de sua obra, acusando-a de vir carregada de um [[misticismo]] e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da [[Igreja Católica]], por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.

:''"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."''

O Padre Ariel Álvarez Valdez sustenta que se trata de uma parábola composta por um catequista hebreu, a quem os estudiosos chamam de “yahvista”, escrita no século X AC, que não pretendia dar uma explicação científica sobre a origem do homem, mas sim fornecer uma interpretação religiosa, e elegeu esta narração na qual cada um dos detalhes tem uma mensagem religiosa, segundo a mentalidade daquela época<ref>[http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=9845&cod_canal=29 Adão e Eva: origem ou parábola?], acessado em 20 de julho de 2010</ref>.

[[John F. Haught]], filósofo americano criador do conceito de [[Teologia evolucionista]], diz que "o retrato da vida proposto por [[Charles Darwin|Darwin]] constitui um convite para que ampliemos e aprofundemos nossa percepção do divino. A compreensão de Deus que muitos e muitas de nós adquirimos em nossa formação religiosa inicial não é grande o suficiente para incorporar a biologia e a cosmologia evolucionistas contemporâneas. Além disso, o benigno designer [projetista] divino da teologia natural tradicional não leva em consideração, como o próprio Darwin observou, os acidentes, a aleatoriedade e o patente desperdício presentes no processo da vida”, e que “Uma teologia da evolução, por outro lado, percebe todas as características perturbadoras contidas na explicação evolucionista da vida”, sobre as idéias de [[Richard Dawkins]], Haught  declara que: “A crítica da crença teísta feita por Dawkins  se equipara, ponto por ponto, ao fundamentalismo que ele está tentando eliminar”<ref>[http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_tema_capa&Itemid=23&task=detalhe&id=834 Entrevista com John F. Haught: Uma teologia da evolução precisa mostrar que a fé bíblica não contradiz o caráter evolutivo do mundo], acessado em 20 de julho de 2010</ref>.

Ilia Delio, teóloga americana, sustenta que a teologia pode “tirar proveito” das aquisições de uma ciência que vê na “mutação” o núcleo essencial da matéria<ref>[http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=16428 Fé e evolução, binômio possível], traduzido a partir de entrevista publicada em 23 de agosto de 2008, acessado em 20 de julho de 2010</ref>.

O [[Rabino]] [[Nilton Bonder]] sustenta que: "a Bíblia não tem pretensões de ser um manual eterno da ciência, e sim da consciência. Sua grande revelação não é como funciona o Universo e a realidade, mas como se dá a interação entre criatura e Criador"<ref>[http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=20349 Darwin e heresias], publicado no jornal O Globo de 03 de março de 2009, acessado em 20 de julho de 2010</ref>.

== Visões criacionistas ==
As visões criacionistas nasceram a partir da experiência humana primitiva e tinham como objetivo responder às indagações do homem sobre a origem do [[Universo]] – um tema sempre presente no espírito humano em todas as épocas e em todas as civilizações. Assim, na tentativa de explicar a essência de todas as coisas e estabelecer um elo entre o compreensível e o incompreensível, entre o físico e o [[metafísico]], uma quantidade infindável de respostas foram elaboradas pelo que uns dizem ser a [[imaginação]] humana e outros dizem ser a própria vontade de suas [[divindade]]s, transcritas nos textos e nos [[rito]]s sagrados de várias [[cultura]]s. Exemplificando, descrevem-se a seguir algumas das principais visões criacionistas que tratam da origem do Universo.

=== A Tradição judaico-cristã e o criacionismo ===
Na [[mitologia cristã|tradição judaico-cristã]] sobre a [[criação (teologia)|criação divina do mundo]], que é baseado em [[Gênesis]], um ser único e absoluto, denominado [[Javé]] ou [[Javé|Jeová]] (ou [[Deus]]), perfeito, incriado, que existe por si só e não depende da existência do Universo, é o elemento central da estrutura criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, ele criou o Universo em seis dias e no sétimo descansou. Sempre através de palavras, no primeiro dia, ele fez a luz e separou o dia da noite; no segundo dia, ele criou o céu; no terceiro dia, a terra e o mar, as árvores e as plantas; no quarto dia, o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia, os peixes e as aves; e, no sexto dia, ele criou os animais e, por fim, ele fez o homem e a mulher ([[Adão e Eva]]) à sua imagem e semelhança.

Actualmente, para muitos [[cristão]]s e [[judeu]]s, os sete dias da criação do mundo, de que fala a Bíblia, não devem ser entendidos literalmente, representando uma forma de explicar a criação do Universo. Mas, mesmo assim, algumas correntes, denominadas [[Fundamentalismo cristão|fundamentalistas]], originárias em certas regiões dos [[EUA]], acreditam em uma leitura literal da Bíblia. Alguns dos seus membros defendem o [[design inteligente]], que não passa de mais uma teoria criacionista.

==== Igreja Católica e o criacionismo ====
{{Artigo principal|[[Doutrina da Igreja Católica#A doutrina e o conhecimento cient.C3.ADfico|Igreja Católica e Ciência]]}}

Os [[católico]]s, que herdaram a mesma [[Gênesis|crença criacionista]] oriunda da tradição judaico-cristã, acreditam que a explicação da "''feitura do universo''" fala por si só, pois, como é evidente, Deus não precisa se explicar.

Actualmente, muitos deles, defendendo a [[Doutrina da Igreja Católica#A doutrina e o conhecimento cient.C3.ADfico|posição oficial da Igreja Católica]], não são estritamente criacionistas, porque, apesar de acreditarem na [[criação (teologia)|criação divina]], eles aceitam ao mesmo tempo as teorias da [[evolução]] e do [[Big-Bang]]. Neste caso, que pode ser chamado de ''criacionismo evolucionista'' ou ''evolucionismo criacionista'', os católicos defendem que estas teorias científicas não negam a origem divina do mundo, tendo somente a função de descrever o método com que Deus tenha criado todas as coisas. Aliás, a própria Igreja Católica, através do seu [[Magistério]], não considera o criacionismo e o [[design inteligente]] como teorias científicas ou teológicas.<ref>{{Citar web |url=http://www.msnbc.msn.com/id/29484902/ |título=Vatican official calls atheist theories 'absurd' / Cardinal Levada: No conflict between evolution science and faith in God|língua=inglês |autor= |obra= |data=[[3 de Março]] de [[2009]] |acessodata=[[28 de Abril]] de [[2010]]}}</ref>

Há ainda segundo outras doutrinas católicas, essa parte do ''[[Gênesis]]'' teria a função de somente ensinar à humanidade que temos que descansar.

=== Iorubá e o criacionismo ===
Na crença de [[Yoruba|Iorubá]], o processo de criação envolve várias divindades. Em uma das versões, [[Olorum]] – Senhor Deus Universal – criou primeiramente todos os Orixás (divindades) para habitar [[Orun]] (o Céu, mundo espiritual), com o objetivo de usá-los como auxiliares para executar todas as tarefas que estariam relacionadas com a própria criação e o posterior governo do mundo. Então, Olorum encarregou [[Obatalá]] de criar o mundo; mas este, com pressa, não rendeu a [[Bará]] os tributos devidos e, durante sua caminhada, parou para beber vinho de palmeira e, embriagando-se, adormeceu. [[Oduduá]], a Divina Senhora, foi ao encontro de Obatalá e, ao vê-lo adormecido, pegou os elementos da criação e começou a formação física da terra. Ela mandou que cinco galinhas d’angola começassem a ciscar a terra, espalhando-a, dando assim origem aos continentes. Oduduá soltou então os pombos brancos - símbolo de [[Oxalá]] – e assim nasceram os céus. De um camaleão fez surgir o fogo e, com caracóis, ela criou o mar.

=== Criacionismo chinês ===
Nas crenças chinesas, P’an Ku, o Deus-Absoluto, nasce a partir de um Ovo Primordial e o processo de criação se concretiza com um sacrifício divino. P’an Ku morre, dando então origem à vida: de seu crânio surgiu a abóboda do firmamento e de sua pele a terra que cobre os campos; de seus ossos vieram as pedras; de seu sangue os rios e os oceanos; de seu cabelo veio toda a vegetação. Sua respiração se transformou em vento, sua voz em trovão; seu olho direito se transformou na lua, seu olho esquerdo no sol. De sua saliva e suor veio a chuva. E dos vermes que cobriam seu corpo surgiu a humanidade.

=== Criacionismo grego ===
Segundo os [[mitologia grega|gregos antigos]], o princípio de todas as coisas está associado a um [[Teoria do caos|Caos]] Primordial, num tempo em que a Ordem não tinha sido ainda imposta aos elementos do mundo. Do Caos nasceu [[Gea]] (a Terra) e depois [[Eros]] (o Amor). Posteriormente, Caos engendrou o Érebo (as trevas infernais), o dia, a noite e o éter. Gea engendrou o céu, as montanhas e o mar. De Gea nasceram também os Deuses, os Titãs, os Gigantes e as Ninfas dos Bosques. [[Prometeu]], filho do titã Jápeto, criou artesanalmente a raça humana – homens e mulheres – moldando-os com argila e água. E então [[Atena]], deusa da sabedoria, ao ver essas criaturas, insuflou em seu interior alma e vida.

=== Criacionismo no hinduísmo ===
No [[hinduísmo]], o tempo não é linear como em outras crenças. Aqui, o tempo tem uma natureza circular, pois a criação e a evolução são repetidas eternamente, em ciclos de renovação e destruição simbolizados pela dança rítmica do deus [[Shiva]]. "Na noite do [[Brahma]] – essência de todas as coisas – a natureza é inerte e não pode se mover até que Shiva assim o deseje. Shiva desperta de seu sono profundo e através de sua dança faz aparecer a matéria à sua volta. Dançando, Shiva sustenta seus infinitos fenômenos e, quando o tempo se esgota, ainda dançando, ele destrói todas as formas por meio do fogo e se põe de novo a descansar".

== Caráter teórico ==
Note-se que essa questão envolve várias questões de ordem filosófica e [[Epistemologia|epistemológica]]. Se olharmos para a ciência como um sistema teórico em constante mutação e que não pressupõe verdades absolutas que não possam ser refutadas experimentalmente, as críticas de ambos os lados da barricada centram-se no mesmo problema: a [[dogma]]tização das teorias científicas.

Os evolucionistas acusam os criacionistas de transporem para a ciência as suas crenças pessoais e de misturarem fé com realidade observável. Os criacionistas acusam os evolucionistas de fazerem exatamente o mesmo ao imporem a sua visão das coisas, tentando demonstrar que a teoria não assenta em bases sólidas que justifiquem encarar a evolução como um fato, independentemente da forma como esta se processou ou não.

Essas críticas levaram a crescentes controvérsias, nos [[Estados Unidos da América|EUA]] principalmente, sobre o ensino da [[evolução]] nas escolas e [[universidades]]. Apesar das [[Provas da Teoria de Oparin]], por exemplo, os criacionistas mantêm a polémica.

As áreas da ciência definidas pelos criacionistas como "evolucionismo" contêm teorias construídas a partir dos pressupostos do [[paradigma]] científico atual, com o intuito de explicar os achados da Paleontologia e outros dados científicos presentes nos organismos (como órgãos vestigiais, entre outros). Sempre que novos dados refutam as teorias propostas, lançam-se novas hipóteses, ou corrige-se a teoria.

Note-se contudo, que é assim que a ciência evolui ela mesma - pela constante retificação de teorias e pela constante experimentação, não com o objetivo de assegurar a teoria, mas de procurar onde estão as falhas, para que estas possam ser corrigidas e expostas de forma mais aproximada da realidade. Os criacionismos propõem uma explicação sobrenatural para as observações naturais, o que não é passível de ser refutado experimentalmente. Os criacionistas, ao partirem do pressuposto de que houve um criador ou criadores, interpretam os dados científicos para justificarem a sua crença.

Outros observam que os criacionismos e a ciência convencional olham o mesmo fenômeno, a [[vida]], com lentes diferentes. Ao passo que as áreas da ciência que compõem o evolucionismo procuram olhar para o passado e para o registro fóssil em busca de evidências que expliquem como ocorreu a evolução, os criacionistas olham para o presente e questionam as evidências da história natural.

{{Referências|col=2}}

== {{Ver também}} ==
{{Livro|Evolução}}

{{portal-religião}}
* [[Abiogênese]]
* [[Teoria da Evolução]]
* [[Partículas e forças]]
* [[Génesis]]
* [[Princípio antrópico]]
* [[Teologia cristã]]
* [[Doutrina católica#Interpreta.C3.A7.C3.A3o da Tradi.C3.A7.C3.A3o vs Ci.C3.AAncia|Igreja Católica vs Ciência]]
* [[Pastafariana|Pastafarianismo]]
* [[Relação entre religião e ciência]]
* [[Problema da demarcação]]
* [[Design inteligente]]

== {{Ligações externas}} ==
{{Commons|Creationism}}
* {{Link||2=http://www.christiananswers.net/portuguese/q-eden/origin-of-life-port.html |3=Questões sobre o Criacionismo}}
* {{Link||2=http://www.scb.org.br |3=Sociedade Criacionista Brasileira}}
* {{Link||2=http://www.criacionismo.com |3=Sociedade Origem & Destino}}
* {{Link||2=http://www.evo.bio.br/layout/Crias.html |3=Definições de Criacionismo}}
{{Bom interwiki|ru}}

[[Categoria:Conceitos religiosos]]
[[Categoria:Criacionismo| ]]
[[Categoria:Filosofia]]
[[Categoria:Mitologia]]
[[Categoria:Cosmogonias]]

[[af:Kreasionisme]]
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